A Câmara Municipal de Faro está a realizar uma obra de conservação e restauro do Arco da Vila, Monumento Nacional e um dos ícones do património edificado da cidade. Esta intervenção tem como principal objetivo garantir a preservação deste bem patrimonial, assegurando a sua estabilidade estrutural e prevenindo processos de degradação acelerada.
Tento em conta alguns pedidos de informação que a autarquia tem recebido, nomeadamente sobre a intervenção a realizar na abóbada interior do Arco da Vila, serve a presente informação para esclarecer algumas duvidas e questões que se têm colocado.
O estudo técnico realizado para a preparação deste projeto identificou que a abóbada interior do Arco da Vila foi, em tempos, revestida com argamassa, um revestimento comum em estruturas deste tipo. Contudo, essa camada foi removida numa intervenção realizada na década de 1990, por razões estéticas.
Desde essa remoção, o tijolo da abóbada ficou exposto às agressões do tempo e à ação dos agentes atmosféricos, levando a um processo de deterioração significativo, nomeadamente:
Pulverização – perda de coesão da superfície, resultando na libertação de partículas de pó.
Erosão – desgaste progressivo da estrutura, com perda de material.
Colapso de peças cerâmicas – resultando em lacunas e enfraquecimento da estrutura.
A monitorização efetuada ao longo dos últimos anos pelos serviços técnicos da Câmara Municipal de Faro confirmou esta degradação, tornando urgente a implementação de medidas de conservação adequadas.
A opção pela reposição de um revestimento de proteção sobre o tijolo da abóbada segue as melhores práticas da conservação e restauro do património. Esta solução tem como objetivo proteger o monumento e garantir a sua integridade para as gerações futuras, em conformidade com os princípios internacionais de conservação.
A decisão baseia-se em diretrizes reconhecidas internacionalmente, como a Carta de Cracóvia (2000), que estabelece que a manutenção e reparação do património devem ser realizadas com base em investigação sistemática, controlo técnico e medidas preventivas. Além disso, a Teoria do Restauro de Cesare Brandi (1963) reforça que qualquer intervenção deve assegurar a máxima eficiência na preservação do objeto histórico.
Esta intervenção foi rigorosamente estudada e aprovada pelas autoridades competentes do património, incluindo:
A então Direção Regional de Cultura do Algarve (DRCA)
A agora Unidade de Cultura e Património Cultural da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR-Algarve)
IGESPAR e o atual – Património Cultural I.P.
Especialistas de conservação e restauro credenciados
O projeto respeita os princípios fundamentais da intervenção em património, nomeadamente:
Máximo conhecimento do objeto – estudo aprofundado da sua história e estado de conservação.
Compatibilidade e reversibilidade – utilização de materiais compatíveis e técnicas que possam ser revistas no futuro.
Definição de soluções por equipa pluridisciplinar – colaboração entre arquitetos, conservadores-restauradores e historiadores.
A execução da obra está a ser realizada por uma empresa especializada em conservação e restauro, garantindo o cumprimento das normas técnicas e científicas exigidas para este tipo de intervenção.
A preservação do Arco da Vila é um compromisso da Câmara Municipal de Faro para com a história e identidade da cidade. Esta intervenção não altera a autenticidade do monumento, mas assegura a sua estabilidade e longevidade, em total respeito pelos princípios da conservação patrimonial.
Agradecemos a compreensão e colaboração de todos os farenses e visitantes durante o período das obras, certos de que esta intervenção garantirá a preservação do nosso património comum para as futuras gerações.
Fonte/Foto: CM Faro