Faleceu, no dia 4 de junho, com 87 anos de idade, Maria Teresa Rita Lopes. A Câmara Municipal de Faro, emitiu, em comunicado, enaltecendo o seu rico percurso de vida.
“O Município de Faro lamenta profundamente o falecimento, no passado sábado, de Maria Teresa Rita Lopes, natural de Faro (12 de setembro de 1937), cidade onde iniciou o seu percurso relacionado com as Letras, nomeadamente a descoberta de Fernando pessoa, que estudou no Liceu de Faro e que terá lido na biblioteca da atual Escola Secundária João de Deus.
Escritora, poeta, dramaturga, ensaísta e investigadora, tinha 87 anos e deixou-nos um rico percurso de vida, marcado, em grande parte, pelo enorme conhecimento que detinha da obra deste escritor imortal. Deve-se a ela, em parte, o facto de o espólio do poeta não ter sido vendido para o estrangeiro e foi a ela que dedicou grande parte da sua vida académica e literária.
Perseguida pelo Estado Novo, na década de 60, exilou-se em Paris e, aí, lecionou na Sorbonne, onde defendeu uma tese pioneira sobre Fernando Pessoa. Depois do 25 de Abril, tornou-se professora catedrática na Universidade Nova de Lisboa, tendo criado diversos grupos de investigação, que realizaram trabalhos de grande relevância sobre a vida e obra de Pessoa. Aliás, deixa em curso o ambicioso projeto editorial Pessoa Todo (sete volumes, com textos inéditos e interpretações da obra do autor). Dele dizia: "A última [surpresa por parte de Fernando Pessoa] ainda deve estar por vir! Não me canso desse rapaz, porque continua a surpreender-me".
Ensaísta, poetisa, autora de obras teatrais (como Esse Tal Alguém, distinguida com o Grande Prémio de Teatro da Associação Portuguesa de Escritores, um dos muitos que recebeu ao longo da vida), viu a sua obra subir a palcos internacionais, como Paris, Milão e Madrid.
Aos seus familiares e amigos e a todos os que com ela trabalharam e aprenderam, o Município de Faro endereça as mais sentidas condolências e guarda os versos imortais desta importante farense:“Porque será que meus olhos tanto necessitam | de ver mar ao longe? (…) Se calhar foi por tanto apetecer o azul | da água ao longe (…) e por tanto amar o mar | que meus desgostos | se tornaram destemidos e salgados” (Afectos, Lisboa, Presença, 2000)”, lê-se, em comunicado, na página oficial da Autarquia.
Fonte/Foto: CM Faro